19 julho 2008

Carvão para o Uruguai

Hoje a Folha de S.Paulo deu que o governo brasileiro permitiu a construção de uma usina a carvão no Rio Grande do Sul, para gerar energia para o Uruguai. Andei vendo uns vídeos arrepiantes sobre usinas a carvão nos Estados Unidos (a da foto é na Alemanha, tirada do Wikimedia) e fiquei de cabelos em pé com a notícia.

Os vídeos (em inglês) divulgados pelo terra são trechos do documentário "Burning the future: coal in America" (Queimando o futuro: carvão nos Estados Unidos), cujo site traz um monte de informações (que não tive tempo de ler...).

O que vi já basta para assustar. Responsáveis por um quarto das emissões de gás carbônico do mundo, os Estados Unidos tiram metade de sua energia do carvão. A extração do minério é terrivelmente destruidora (explosões espetaculares que transformam topos de montanhas em um tanto de entulho) e insalubre. Como se não bastasse, as drásticas mudanças na conformação do terreno acabam causando enchentes e outros transtornos ambientais para quem vive em torno.

Há um tal carvão limpo, mas a limpeza se refere a menos partículas metálicas jogadas ao ar. O gás carbônico, ou CO2, um dos responsáveis pelas mudanças climáticas globais, continua lá. Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, afirma que a usina que será construída em território brasileiro usará tecnologia 40% mais cara que reduz as emissões de
CO2.

Reduz? Em tempos onde são necessárias medidas drásticas para tentar minimizar nosso impacto sobre a Terra, é hora de construir novas usinas para queimar combustíveis altamente poluentes? Carvão é dos que mais emitem
CO2, reduzir não significa que será pouco. Além disso, o investimento será mesmo feito?

Jogo as dúvidas aqui na torcida para que alguém que sabe mais do que eu sobre o assunto apareça para me esclarecer. Por enquanto (romântica?), sonho em ter minha casa e meu carro revestidos por painéis solares, quem sabe uns cataventos nas encostas... É hora de investir em desenvolver tecnologias realmente limpas, em vez de despejar dinheiro para afundar o mundo de vez.

3 comentários:

João Carlos disse...

Maria, desde que você publicou este artigo eu estou a procura de algo não-óbvio para comentar...

A equação do ministro é óbvia: há uma mina de carvão em Candiota, então, aproveite-se o carvão para gerar energia elétrica para o Uruguai e se fatura mais uns dólares... Eu tenho outras sugestões para o que fazer com o carvão de Candiota, mas são impublicáveis (mas causariam menos mal à atmosfera...)

A minha única conclusão é que o nome do local é singularmente apropriado: canalha + idiota...

Maria Guimarães disse...

a melhor coisa pra se fazer com o carvão é deixar ele onde está

João Alexandrino disse...

Acontece que o ministro está errado. Segundo o que li, não existe tecnologia que reduza as emissões de CO2 de uma central térmica a carvão. Existem sim planos para o uso de uma tecnologia de "captura e sequestro" (por exemplo, em velhos poços de petróleo) do CO2 emitido por essas usinas. Uma tecnologia que não está ainda sequer em fase de testes nos EUA e Reino Unido.