As cidades do século XXI
Faz um tempo escrevi sobre transporte sustentável, o que causou uma discussão acalorada com o João Carlos do "Chi vó, non pó".
Estou de férias (daí o sumiço, mas voltaremos), e pelo visto o assunto está muito em pauta aqui na Europa. Fica aqui só um comentariozinho.
Paris está toda em obras. Grande parte delas visa aumentar a área para pedestres em detrimento das ruas, num conceito similar ao defendido por Enrique Peñalosa para Bogotá. Para desespero dos motoristas - o trânsito não está fácil, mesmo. Foram instaladas ciclovias em alguns eixos da cidade, tenho amigos que fazem praticamente tudo de bicicleta. Áreas verdes, corredores de ônibus e um bonde fazem parte do grande projeto de reurbanização.
Li que nos próximos meses 500 voluntários parisienses serão divididos em grupos de trabalho para discutir opções de sustentabilidade para a cidade. Envolve transporte, moradia, uso de energia, reciclagem e tratamento do lixo. No início do ano que vem as propostas surgidas desses fóruns de cidadãos serão analisadas e integradas no plano de ação.
Portugal está estudando formas de impor custos maiores ao uso de carros particulares. Se houver mais pedágios urbanos ou impostos, o deslocamento individual deve tornar-se mais comedido.
O João Carlos achou que eu estava sendo maniqueísta quando escrevi sobre isso, e essas medidas podem parecer autoritárias e inviáveis. Eu mesma tenho um carro e muitas vezes ando nele sozinha. Mas acredito que inviável mesmo é o imenso desperdício (o que é diferente de uso, necessidade) de energia e recursos por parte de cada um de nós. A modernidade possibilita a individualização, que por sua vez virá a tornar nossa vida neste planeta insustentável.
Não sei qual é a solução, mas vou ficar de olho nessas iniciativas. Com certeza haverá algo a aprender com as experiências dos outros países.