30 julho 2008

(R)Evolução genômica

Pesquisador de renome internacional, Michael Lynch publicou no ano passado, nos Estados Unidos, o livro The Origins of Genome Architecture, ainda sem tradução em português. É sobre isso que o evolucionista da Universidade de Indiana falará na última palestra da programação cultural da exposição Revolução Genômica.

A palestra “Genomas e evolução”, com entrada franca, foi adiada para as 18 horas do dia 4 de agosto, e se realizará excepcionalmente no auditório do Centro de Estudos do Genoma Humano, dentro do campus da Universidade São Paulo (USP), rua do Matão, travessa 13, no 106.

A programação cultural da mostra Revolução Genômica está a cargo da revista Pesquisa FAPESP. A cobertura completa das palestras pode ser acompanhada no site da revista
.

O auditório tem espaço limitado, por isso é preciso fazer a inscrição: aqui,
clicando em Atividades Culturais, ou pelo telefone 3468-7400 das 8 às 18h.

Michael Lynch é professor na Universidade de Indiana e em sua pesquisa integra genética, ecologia e evolução. No livro publicado em 2007 ele mostra como o seqüenciamento dos mais variados organismos transformou o campo de estudos da evolução e permite entender como surgiu a diversidade arquitetônica dos genes e do material genético. Lynch apresentará ao público paulistano as idéias que desenvolveu em seu livro, considerado por especialistas como uma contribuição importante para a área evolutiva. Ele promete mostrar atualizações interessantes e discutir a relação entre a complexidade dos genomas e dos organismos.

23 julho 2008

Quem mama direto da fonte fica mais inteligente

Amamentar - sem nenhum outro suplemento alimentar - por mais tempo melhora o desenvolvimento cognitivo das crianças. É o que diz um artigo (com acesso restrito) publicado em maio na revista Archives of General Psychiatry.

A conclusão vem de um experimento feito por um grupo de pesquisadores do Canadá e da Bielorrússia, integrantes do Probit (Promotion of Breastfeeding Intervention Trial - Experimento de intervenção em promover a amamentação). Em 31 maternidades bielorrussas, o grupo avaliou mais de 17 mil bebês em fase de amamentação e seguiu quase 14 mil deles (81,5%) até os 6 anos e meio. Metade das mães passou por uma campanha para estimular amamentação desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde e pela Unicef. A outra metade teve o apoio normal dado pelas maternidades.

A intervenção foi responsável por um grande aumento na amamentação exclusiva aos 3 meses de idade e as mães tenderam a amamentar, em alguma proporção, por mais tempo.

Quando as crianças tinham 6,5 anos de idade, os pesquisadores avaliaram sua capacidade cognitiva e desenvolvimento verbal. As diferenças - em QI, vocabulário, capacidades lingüísticas e matemáticas - foram pequenas, mas favoreceram invariavelmente o grupo estimulado à amamentação.

Não é necessariamente o leite. O artigo considera explicações alternativas, como mudanças epigenéticas causadas pelo contato mais íntimo e prolongado entre mãe e bebê, que pode ter efeitos fisiológicos que acelerem o desenvolvimento neurocognitivo. Além disso, a conversinha da mãe enquanto amamenta pode ajudar a desenvolver as capacidades lingüísticas.

As diferenças são sutis, não é ainda a prova cabal de que restringir um bebê ao leite materno nos primeiros meses e amamentar por um tempo prolongado realmente afeta o desenvolvimento cognitivo. Mas é uma sugestão interessante, que a meu ver merece ser considerada e mais estudada.


19 julho 2008

Carvão para o Uruguai

Hoje a Folha de S.Paulo deu que o governo brasileiro permitiu a construção de uma usina a carvão no Rio Grande do Sul, para gerar energia para o Uruguai. Andei vendo uns vídeos arrepiantes sobre usinas a carvão nos Estados Unidos (a da foto é na Alemanha, tirada do Wikimedia) e fiquei de cabelos em pé com a notícia.

Os vídeos (em inglês) divulgados pelo terra são trechos do documentário "Burning the future: coal in America" (Queimando o futuro: carvão nos Estados Unidos), cujo site traz um monte de informações (que não tive tempo de ler...).

O que vi já basta para assustar. Responsáveis por um quarto das emissões de gás carbônico do mundo, os Estados Unidos tiram metade de sua energia do carvão. A extração do minério é terrivelmente destruidora (explosões espetaculares que transformam topos de montanhas em um tanto de entulho) e insalubre. Como se não bastasse, as drásticas mudanças na conformação do terreno acabam causando enchentes e outros transtornos ambientais para quem vive em torno.

Há um tal carvão limpo, mas a limpeza se refere a menos partículas metálicas jogadas ao ar. O gás carbônico, ou CO2, um dos responsáveis pelas mudanças climáticas globais, continua lá. Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, afirma que a usina que será construída em território brasileiro usará tecnologia 40% mais cara que reduz as emissões de
CO2.

Reduz? Em tempos onde são necessárias medidas drásticas para tentar minimizar nosso impacto sobre a Terra, é hora de construir novas usinas para queimar combustíveis altamente poluentes? Carvão é dos que mais emitem
CO2, reduzir não significa que será pouco. Além disso, o investimento será mesmo feito?

Jogo as dúvidas aqui na torcida para que alguém que sabe mais do que eu sobre o assunto apareça para me esclarecer. Por enquanto (romântica?), sonho em ter minha casa e meu carro revestidos por painéis solares, quem sabe uns cataventos nas encostas... É hora de investir em desenvolver tecnologias realmente limpas, em vez de despejar dinheiro para afundar o mundo de vez.

15 julho 2008

Os podcasts estão chegando

Devagar chegamos lá. Desde fevereiro a revista Ciência Hoje online traz conversas quinzenais com pesquisadores de diversas áreas. É o estúdio ch, que agora se organizou de fato como podcast. Ou seja, fácil baixar nos aparelhos de mp3.


Hoje assinei e baixei no meu aparelhinho, a Penélope, o episódio mais recente - uma conversa com o físico Ivan Oliveira sobre mecânica quântica. Estou satisfeita em saber que a cada 15 dias receberei automaticamente um assunto novo.

14 julho 2008

Quilos a mais... e mais

Quando a balança teima lá no alto apesar de dietas de todos os tipos, pode ser o caso de recorrer a uma cirurgia de redução de estômago.

A cirurgia bariátrica é o último recurso, recomendado pelos médicos em casos de obesidade extrema que nada mais consegue combater. Muda a vida de muita gente para melhor, mas está longe de ser uma solução fácil. Em geral é preciso, na melhor das hipóteses, dar adeus ao prazer de comer.

Mas não é só. A cirurgia parece ser extremamente eficaz em eliminar o diabetes, um dos primeiros efeitos colaterais da obesidade - que muitas vezes chega a se manifestar antes mesmo que as gordurinhas se tornem muito incômodas. E nova pesquisa sugere também que pode ser o caminho para evitar o maior risco de câncer que vem junto com a obesidade.

Está na edição deste mês de Pesquisa Fapesp o
texto que escrevi sobre o assunto. Matéria difícil, com tantas facetas - todas importantes. Palpites e críticas são bem-vindos, adoto como lema a frase do Carl Zimmer: espero ter acertado, presumo que errei e estou pronta para aprender pelo caminho.


A imagem é mirror ball, do Escher

13 julho 2008

Homem ou primata?

Para o geneticista Wen-Hsiung Li, nascido em Taiwan e radicado na Universidade de Chicago, entender a evolução humana pode reduzir o preconceito entre as pessoas. Ele acredita que agora temos um conhecimento bastante bom do assunto, mas restam grandes mistérios.

Essas foram as conclusões finais da palestra deste fim de semana. Para ajudar nessa compreensão de como chegamos a ser o que somos, ele mostrou estudos - dele e de outros - que mostraram que humanos são muito parecidos com os outros grandes primatas - chimpanzés, bonobos, gorilas e orangotangos. Um desses estudos, publicado em 2001, analisou trechos do DNA dos grandes primatas e encontrou, em média, 1,2% de diferenças entre as seqüências de humanos e de chimpanzés.

Boa parte da diferença não está, portanto, na seqüência genética. Está na regulação dos genes: quando genes são ligados ou desligados? Onde no organismo? Com que intensidade funcionam? É essa regulação, diz ele, que afeta o desenvolvimento embrionário, a fisiologia e a saúde. E que nos torna diferentes de chimpanzés.

A linguagem é uma dessas diferenças. Pois existe um gene - segundo ele o único até agora detectado que influencia especificamente a fala e o desenvolvimento da linguagem - que sofreu mais mutações ao longo da evolução humana do que se esperaria comparado ao resto do material genético. É o FOXP2. Será que a seleção natural favoreceu os falantes? Fica a pergunta.

Outro exemplo que Li apresentou foi cor de pele. Alguns genes regulatórios afetam coloração tanto de peixes como de humanos. Como essas características se alteram ao longo do tempo? Ele não entrou em muitos detalhes, mas diz que certas variantes dos genes foram selecionadas durante a evolução recente.

Faltou aprofundar-se mais, fica a curiosidade. De todo jeito, este é um resuminho rápido. Na edição de agosto de Pesquisa Fapesp sairá um relato mais detalhado, que estará também aqui. E aqui deverá entrar um outro resuminho, junto com uma amostra de vídeo da palestra.

11 julho 2008

Uma visão genômica da evolução humana

Às 15h do sábado (12/07), o pesquisador Wen-Hsiung Li, do departamento de ecologia e evolução da Universidade de Chicago, dará a palestra “Uma visão genômica da evolução humana”.


Nascido em Taiwan e radicado nos Estados Unidos desde os anos 1970, Li estuda os processos e mecanismos da evolução molecular e genômica, usando abordagens experimentais e teóricas.

A apresentação faz parte da programação cultural organizada por Pesquisa FAPESP para a exposição Revolução Genômica.

A palestra é gratuita e será no auditório anexo ao Pavilhão Armando de Arruda Pereira, antiga sede da Prodam, no Parque do Ibirapuera (portão 10).

A cobertura completa dos eventos da programação cultural pode ser acompanhada no site da revista Pesquisa Fapesp.


02 julho 2008

Eu bem que gostaria de estar a caminho de Paraty para participar da festança literária.

Vou ter que me contentar com o blogue oficial, que promete trazer a este mundo virtual um pouquinho do que vai acontecer de verdade.
Fica a dica.

01 julho 2008

Mais ciência no parque: células-tronco e mídia

No próximo domingo (6 de julho), às 11, o assunto científico que mais despertou polêmica nos últimos tempos será alvo de um debate na programação cultural da exposição Revolução Genômica. A geneticista Mayana Zatz, da Universidade de São Paulo (USP), e a jornalista Cristiane Segatto, da revista Época, conversarão sobre “Células-tronco embrionárias e mídia”.

Em 29 de maio deste ano, numa decisão histórica, o Supremo Tribunal Federal (STF) finalmente autorizou o prosseguimento desse tipo de estudo no Brasil. (Ouça aqui entrevistas que fiz naquela semana com a Mayana Zatz e a vereadora Mara Gabrilli no programa de rádio "Pesquisa Brasil", uma parceria entre a revista Pesquisa e a rádio Eldorado AM)

O debate, com entrada franca, será no Pavilhão Armando de Arruda Pereira, antiga sede da Prodam, no Parque do Ibirapuera (portão 10), em São Paulo, onde, até 13 de julho, está em cartaz a mostra científica. A programação cultural da mostra Revolução Genômica está a cargo da revista Pesquisa FAPESP. A cobertura completa das palestras pode ser acompanhada no site da revista
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A geneticista Mayana Zatz é pró-reitora de Pesquisa da USP e coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP. Preside a Associação Brasileira de Distrofia Muscular. É professora de genética do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Atua na genética de doenças neuromusculares e pesquisas com células-tronco. Teve participação ativa na luta pela aprovação das pesquisas com células-tronco embrionárias, com inúmeras idas a Brasília para falar do tema para juízes e deputados.

Especializada na cobertura de tema científicos, a jornalista Cristiane Segatto trabalha na revista Época desde o lançamento do semanário, em 1998. É uma das repórteres mais premiadas na cobertura de assuntos médicos. No ano passado, venceu o Prêmio INCA – Ary Frauzino 2007 com a matéria “As mil faces do câncer”, publicada em 08/01/2007.