03 julho 2007

Feras devoradoras de gente

O livro Monstro de Deus - Feras pradadoras: história, ciência e mito, de David Quammen, acaba de ser lançado pela Companhia das Letras.

Recomendo vivamente - não porque traduzi o livro, mas porque cada momento do laborioso processo de tradução foi um imenso prazer.

Monstro de Deus conta sobre pessoas que vivem em proximidade com feras que as podem devorar - e por vezes é exatamente o que fazem. Quammen nos leva ao noroeste da Índia, onde vivem os últimos leões asiáticos e o povo maldhari, pastores de vacas e búfalos que há séculos convivem com as feras - e as respeitam. Nos Cárpatos romenos, ursos-pardos e pastores competem pelas cabras que estes últimos levam para passar o verão nas montanhas, pagos pelos proprietários. Na Austrália os Yolngu às vezes vão parar no estômago do crocodilo-marinho, que é parte central de sua mitologia. Por fim, no extremo oriente da Rússia, tigres siberianos e udeges sobrevivem ao frio.

A narrativa, sempre deliciosa, mergulha na história, na mitologia e na realidade dessas populações humanas e animais, todas ameaçadas de extinção. Pesquisadores dão sua perspectiva sobre como preservar a todos e atingir certa estabilidade.

O autor argumenta que as feras são centrais em nossa psicologia. Por isso estão na Bíblia, na literatura, nas lendas e nos filmes. Seu desaparecimento do planeta deixaria um buraco dolorido em nossas psiques.

David Quammen é autor de vários livros de divulgação de ciência que tiveram imenso sucesso de vendas no exterior.

5 comentários:

João Carlos disse...

Só para saber: fala alguma coisa sobre onças, sussuaranas, jaguatiricas, jibóias e sucuris?...

Maria Guimarães disse...

não senhor. os estudos de caso são os quatro que mencionei. limitar-se a alguns era a única forma de poder tratá-los em profundidade.
será o máximo se alguém se inspirar para fazer uma análise semelhante com animais brasileiros.

João Carlos disse...

Eu perguntei porque nosso folklore é riquíssimo em associar o comportamento dos animais com facetas humanas.

"Mula-sem-cabeça", "Boitatá" e outros animais fantásticos (me lembrei agora do boto que "ataca" donzelas...) mereciam um belo estudo.

Maria Guimarães disse...

é verdade.
sem falar nos peixes amazônicos que entram pelos orifícios e devoram pessoas por dentro.
quem sabe um dia não me animo?

João Carlos disse...

Deixe os Candirús de fora!... Literalmente!