Fragmentos desordenados para um manifesto político
Inauguro hoje uma seção Manifesto no nosso blog. O que é e por que a necessidade de um Manifesto? Bom, primeiro, porque presunção e água benta cada um toma a que quer!
Mais seriamente, por que sou um indivíduo altamente politizado, mas sem partido. O que fazer então, quando um cidadão conclui que todos à sua volta e ele próprio parecem clamar por uma outra POLÍTICA, mas que todos se encontram paralizados, num estado de dormência consentida. TODOS parecemos conhecer as razões do mal-estar do nosso mundo, mas NINGUÉM parece ter ou querer ter a capacidade de pensar/construir um novo sistema. Complexo, muito complexo!
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3 comentários:
Salve, João Alexandrino!
Em certo ponto, você diz: «Ilustrando, com um exemplo do Brasil, por que não aconteceu ainda uma manisfestação gigantesca de cidadãos, em todas as cidades do país, contra a forma como se faz política no Brasil?»
De certa forma, isso acontece sempre. Nos tempos em que a Ditadura Militar já estava cambaleando, o povo foi à rua pedir as "Diretas Já"... Sifu!...
Cansado das maracutaias do Zé de Ribamar, novamente o povo fez seu "brado retumbante" ecoar, elegendo como seu "Cavaleiro da Couraça Brilhante" o "herói da luta contra a corrupção", o "caçador de marajás"... Sifu, de novo!...
Revoltado com a falência moral do seu "campeão", voltam às ruas os estudantes e promovem o linchamento político do sátrapa. E levam pela cara o Vice... Este demonstrando uma ousadia pouco mineira, escolhe um sociólogo para Ministro da Fazenda, o que, inesperadamente, dá certo (talvez porque sendo totalmente ignorante em economia, mas não idiota, ele não mete a mão no trabalho dos técnicos - como Zé de Ribamar tinha feito - e capitaliza os louros da vitória).
Acreditando ter encontrado "seu amor verdadeiro", o povo novamente dedica uma fidelidade canina a seu presidente, reelegendo-o em primeiro turno, acreditando que suas promessas de "não haver novo pacote econômico" eram fundamentadas... Sifu, de novo!...
Já desesperado, volta-se, então, para o eterno derrotado, o "sapo barbudo" que enchia de medo os yuppies e irritava os velhos espantalhos fardados (que, a essa altura, já nem rosnavam mais...) Mesmo sob as ameaças de "exílio econômico", o bravo povo brasileiro escolhe seu Bequimão, o Rei vindo do seio do povo, com sua escolta de "combatentes pela liberdade", aureolados pelo sofrimento nos "porões" e nos anos de exílio ou clandestinidade. (Precisa dizer?... Sifu, de novo...)
O resumo é que nos encontramos na situação dos animais da fazenda de Orwell: olhamos para os porcos, olhamos para os homens, e não vemos mais diferença alguma!...
É por isso que você não viu ninguém nas ruas protestando. Não há um líder digno de confiança! A "direita" está velha e cansada... A "esquerda", totalmente desmoralizada. E o "centro" é um saco de gatos, amorfo e vazio.
Radicalizar, mais ainda? Um risco que poucos estão dispostos a correr. Se alienar de uma vez e meter a cara no livro para passar no concurso público? Bem mais provável... Ou emigrar e tentar a sorte em outro canto? Para quem tem que conviver com as PMs, as "migras" são galho fraco...
Eu tenho muito medo do que as urnas de outubro vão dizer... Porque, provavelmente, vamos nusfu, de novo!
Pois é, João Carlos, provavelmente você terá razão! Mas eu não falava apenas do Brasil, usei o exemplo porque está bem próximo. Não é de radicalismos que necessitamos, mas do contrário. Desradicalizar é o povo dizer que o que une tem de ser maior do que o que separa. O que deve unir é um pacto de regime por uma nova ética de cidadania. A da responsabilidade. E a da terceira cultura, que tarda em chegar. É uma revolução tranquila que cabe ao povo exigir para si próprio e para as suas instituições. Quando estiver preparado, talvez não seja para já, no Brasil. E não necessariamente terá de haver líderes, no início. A auto-organização da opinião pública poderá chegar para iniciar a mudança. É preciso é deixar essa mentalidade de sifu e nusfu para trás pois ela leva à escravidão. Os homens livres lutam pela sua liberdade, sem rendição possível.
Pois é... Atribuem a Napoleão a frase: "As pessoas lutarão com mais entusiasmo por seus interesses do que por seus direitos".
O "beco-sem-saída" que eu estou vendo é o seguinte. Cidadania é uma questão de sobrevivência. Individualismo é a rota mais certa para a extinção. Só que você tem que "balançar a cenoura" do progresso individual para motivar as pessoas a se instruírem (condição sine qua non para conseguirem atingir a abstração da cidadania).
E eu não estou vendo qualquer investimento sério em aumentar a educação desse povo.
Mas eu concordo com sua posição "brechtiana": "infeliz do povo que precisa de heróis..."
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