19 fevereiro 2007

Carnaval de primeiro mundo

A juventude de Monterey se concentrava numa esquina, em plena celebração de Mardi gras. Moças escassamente vestidas, todos com colares de contas coloridas de plástico. Parecia ser o acontecimento do ano.

A programação incluía eventos diversos: desfiles, danças, música. Chegamos por volta das dez da noite e encontramos os dois bares com música ao vivo lotados, com filas na entrada. A maior parte dos foliões estava simplesmente de pé na rua, jovens pelo visto satisfeitos por estarem apinhados. Como regem as leis locais, não bebiam nem ouviam música. Só estavam ali, compartilhavam animação. Acima das cabeças surgiam filmadoras, tudo era registrado.

Um dos bares — campeão de fila — ficava no segundo andar, com uns janelões-vitrines que davam para a tal esquina. De lá surgiu a grande sensação: moças celebravam a vitória de ter conseguido entrar e na vitrine levantavam camiseta e sutiã. O público na rua delirava com a peitaria e atirava seus colares de contas (pagamento?), que elas tentavam pegar debruçando-se pra fora da janela já com os peitos guardados. As câmeras de vídeo todas acionadas.

A atração durou quem sabe uns vinte minutos. Enquanto todos admiravam o espetáculo, uma tropa de choque esperava, na beira da multidão. Dois carros de polícia um atrás do outro, de cada lado um policial a pé com seu cachorro, ladeados por policiais a cavalo. Atrás, um carro de bombeiros. Posicionados, prontos para impedir maiores manifestações da população desvairada.

Com certeza influenciadas pela presença da lei, duas moças acharam por bem resolver suas diferenças no tapa. Sobrou bota prum lado, jaqueta pro outro. Formou-se uma roda em volta, igualzinho acontecia na escola. Elas se puxavam os cabelos, trocavam sopapos. Os policiais, finalmente com motivo para ação, intervieram e recolheram as desordeiras. Com os alto-falantes do carro de polícia avisaram para a multidão retirar-se, liberar a rua. A turba ignorou, embevecida ainda com o show da vitrine; grande decepção quando as moças foram substituídas por um policial de costas para a janela, com sua lanterna apoiada no ombro apontando pra dentro.

A tropa da rua então avançou. Com o fim do show erótico, a atração passou a ser a ação policial. O clima ficou tenso e quando começaram a chover garrafas sobre a coluna da ordem, meus amigos decidiram pela retirada.

Eu corria sério risco de ficar ali boquiaberta, até me cair uma garrafa na cabeça ou ser detida como desordeira.


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