13 julho 2008

Homem ou primata?

Para o geneticista Wen-Hsiung Li, nascido em Taiwan e radicado na Universidade de Chicago, entender a evolução humana pode reduzir o preconceito entre as pessoas. Ele acredita que agora temos um conhecimento bastante bom do assunto, mas restam grandes mistérios.

Essas foram as conclusões finais da palestra deste fim de semana. Para ajudar nessa compreensão de como chegamos a ser o que somos, ele mostrou estudos - dele e de outros - que mostraram que humanos são muito parecidos com os outros grandes primatas - chimpanzés, bonobos, gorilas e orangotangos. Um desses estudos, publicado em 2001, analisou trechos do DNA dos grandes primatas e encontrou, em média, 1,2% de diferenças entre as seqüências de humanos e de chimpanzés.

Boa parte da diferença não está, portanto, na seqüência genética. Está na regulação dos genes: quando genes são ligados ou desligados? Onde no organismo? Com que intensidade funcionam? É essa regulação, diz ele, que afeta o desenvolvimento embrionário, a fisiologia e a saúde. E que nos torna diferentes de chimpanzés.

A linguagem é uma dessas diferenças. Pois existe um gene - segundo ele o único até agora detectado que influencia especificamente a fala e o desenvolvimento da linguagem - que sofreu mais mutações ao longo da evolução humana do que se esperaria comparado ao resto do material genético. É o FOXP2. Será que a seleção natural favoreceu os falantes? Fica a pergunta.

Outro exemplo que Li apresentou foi cor de pele. Alguns genes regulatórios afetam coloração tanto de peixes como de humanos. Como essas características se alteram ao longo do tempo? Ele não entrou em muitos detalhes, mas diz que certas variantes dos genes foram selecionadas durante a evolução recente.

Faltou aprofundar-se mais, fica a curiosidade. De todo jeito, este é um resuminho rápido. Na edição de agosto de Pesquisa Fapesp sairá um relato mais detalhado, que estará também aqui. E aqui deverá entrar um outro resuminho, junto com uma amostra de vídeo da palestra.

2 comentários:

João Carlos disse...

Maria, como é que fica a questão do desenvolvimento da Área de Broca vs. as experiências com linguagem simbólica com chimpanzés?... ('Washoe' e outros).

Maria Guimarães disse...

Disso ele não falou. Pelo que entendi, os estudos se referiam exclusivamente à capacidade de fala.