Manifesto por cidades humanas
Que tal ir trabalhar a pé ou de bicicleta, mesmo que demore um tanto mais? Você deixaria de poluir o ar, economizaria tempo e dinheiro com academia e ficaria mais saudável.
Eu adoraria, pena que nem sempre é possível. Mas fui à conferência sobre transporte sustentável que aconteceu esta semana em São Paulo, e fiquei animada. Quem sabe não seja possível termos ar mais limpo para respirar nessas caminhadas, além de mais segurança para não morrermos atropelados?
A experiência de Enrique Peñalosa em Bogotá é inspiradora, veja aqui. A foto acima é de lá, peguei emprestada na wikipedia.
E leia na ComCiência a notícia que escrevi (em princípio a última lá, está chegando ao fim meu período de bolsista no Labjor).
Abaixo, a versão sem cortes nem edição, um pouco mais longa.
16 comentários:
Eu ia postar um (longo) comentário sobre a questão carro particular vs. trasnporte público/alternativo. Mas achei a matéria tão relevante que optei por postar um artigo no "Chi vó, non pó". Acredito que, às objeções que pretendo expor, você saberá contra-argumentar sabiamente (como sempre...) e, talvez, se possa chegar a conclusões conciliatórias. Afinal, não dá para continuar poluindo como se vem fazendo - nem dá para resolver os problemas de transporte na base do "você comprou um carro? problema seu..."
joão carlos,
vou esperar então você pôr o texto e conversamos.
abraço.
OI,Maria!
Há alguns bons anos, uns amigos foram para a Suécia, participar de um cogresso médico...voltaram encantados com a cidade. A história que mais me marcou, foi justamente o uso comunitário de bicicletas: elas pertencem ao governo. Você a utiliza e a deixa no ponto de sua chegada (há um estacionamento específico para elas). Outra pessoa, que dela necessita, vem em seguida, e vai tranquilamente até outro ponto...e assim sucessivamente. Ao final do dia, quem percorreu longas distâncias foi a bicicleta! Não é fantástico...Ninguém se preocupa com roubos e todos cuidam do bem comum.
Precisaremos de muitas décadas de educação em cidadania para atingir este ponto. Por enquanto, cada um na sua bicicleta, com ciclovias, já seria um grande passo!
Salve, Maria!
Já publiquei... Pode "descer o pau"!...
abraço.
Respondendo à Silvia:
Já imaginou isso no Brasil?...
Primeiro, a aquisição das bicicletas públicas ia dar em CPI...
Segundo, neca de manutenção para as bicicletas (as verbas foram "contingenciadas")
Terceiro, logo iam surgir os "flanelinhas": posso tomar conta, moço?
Tudo isso supondo que as bicicletas fosem tantas que não valesse a pena levá-las para casa...
E - para completar - toda a população da Suécia cabe no Rio e ainda sobra espaço...
joão carlos,
se a gente for levar a vida com tanto pessimismo, fica em casa e cada um por si. para que mudanças sejam feitas e o mundo melhore, é preciso idealismo, coragem e otimismo, temperados com conhecimento da realidade (para vencer os percalços, não dobrar-se a eles).
silvia,
um destaque na conferência foi justamente que é preciso campanhas maciças de coscientização. mudar essa coisa do transporte e do egoísmo poluente requer a construção de uma cidadania sólida. seria o máximo ter esse sistema das bicicletas, né?
eu ando sonhando com uma rio claro sem carros. não precisa mesmo.
Putz... acho que eu estou na linha mais pessimista: acho tudo lindo, mas não enxergo a "luz no fim do túnel" de como incluir o Brasil nestes sonhos... parece que primeiro precisaria ter emprego, para ter estima e perspectiva, para reconhecer um futuro - uma vida - na educação, uma ferramenta na cidadania e uma evolução na experiência em comunidade/sociedade sustentável e solidária. Como eu gostaria de usar estes termos num contexto mais positivo e confiante... mas pode ser apenas um estado de espírito passageiro ou uma rabugice que insiste em se manifestar...
um viva aos idealistas, que estejam sempre a nos inspirar e nos fazer crer que uma outra realidade é possível!
abraços,
ana claudia
espero que passe logo mesmo, ana! vou me esforçar em disseminar uma visão mais ensolarada.
Maria, por mais rabugento que eu seja, eu sou um otimista incorrigível.
Eu acho que os problemas têm soluções e não é nada difícil resolvê-los. Basta boa vontade e colocar as coisas na devida perspectiva. O raio é que, como diz o rifão popular: "quem quer resolver um problema, arregaça as mangas e parte para o trabalho; quem não quer, nomeia um grupo de trabalho para estudar a questão".
Eu detestei o tom do discurso do Sr. Peñalosa. Mas pode ser que as atitudes dele tenham funcionado.
Da mesma forma, a solução sueca, citada pela Sílvia, é excelente - mas, com o atual padrão de civilidade do brasileiro, inviável.
Ah!... sim... Sabe o que a foto que você usou para ilustrar seu artigo me lembrou? A Praça XV, no Rio de Janeiro...
Achei interessante este debate bicicletas x veiculos, questão que não deveria ser polêmica e sim promissora.
Notei certas doses de sarcasmo, nos comentários do João Carlos. Acho muito legal criticar, o ruim é fazer críticas usando como argumento burocracias e tropeços de políticas brasileiras. Certamente, que a maior inclusão das bicicletas juntamente com carros, trens, metrôs poderia trazer grandes benefícios para a sociedade.
Acho que unindo opiniões opostas e tendo um bom planejamento, poderemos começar a tentar mudar certas coisas.
obrigada joão, finalmente alguém pra me ajudar!
joão carlos, você foi implicar logo com o peñalosa que justamente é um cara de mangas arregaçadas! ou você implicou foi com o meu relato romântico do discurso dele?
pena que a praça XV não leva a lugar nenhum... a não ser paquetá e niterói. (ou estou confundindo?)
OI, pessoal!
Esperem! Eu não citei a história como uma proposta aplicável para a nossa realidade...foi só uma lembrança, um exemplo de como as coisas funcionam por lá!
Estou com o João no quesito ação x discussão...precisamos é de prática! Mudar atitudes e conscientizar a população já seria um belo começo, que podemos fazer sem depender de ninguém!
Quanto às questões políticas, no mínimo, podemos fazer pressão...(pobre de nós!)
Maria, a Praça XV leva, diretamente, a Niterói (e, daí, a São Gonçalo), a Paquetá, à Ilha do Governador (tudo po meio de barcas) e praticamente ao resto do Grande Rio (não só há um terminal de ônibus, logo ao lado, na direção do Museu Histórico, como uma via subterrânea por onde passam os ônibus que fazem ligação entre as Zonas Norte e Sul, com acesso por escadas rolantes para as pessoas).
Com essa obra, restauraram um velho chafariz do Mestre Valentim e deram um acesso mais limpo ao velho Paço Imperial (também restaurado e transformado em área cultural). E, logo ao lado da Estação das Barcas, há um enorme estacionamento para automóveis. Pena que a paisagem seja estragada pelo viaduto da Avenida Perimetral... A Praça é um "ponto nodal" de transporte de massa, muito bonito (a não ser pelo bendito viaduto - muito anterior à reformulação da Praça). Pena é que a manutenção (leia-se: limpeza urbana) e o policiamento sejam muito deficientes.
Mas é o tipo de "ponto nodal" que eu sugiro: pode-se ir de carro até lá e continuar a pé ou de coletivo. Do mesmo jeito que construiram um "mergulhão" para os ônibus lá, poderiam fazer isso por baixo da Avenida Rio Branco e da Presidente Antônio Carlos. O centro da Cidade ficaria um lugar bem mais aprazível...
silvia, concordo. mas quando eu falei de conscientização pública, estava mais uma vez repetindo o que ouvi na conferência - é uma das linhas de ação que eles consideram essenciais, junto com traçar estratégias e vencer a pouca vontade política.
joão carlos, eu freqüentava muito a praça XV quando morava em paquetá, mas isso faz mais de um quarto de século. então para mim a praça era só um portal para a barca. de lá pra cá, pelo que você diz, mudou muito. e sem falar que obviamente eu não tinha uma visão completa. mas o que eu quis dizer com ela não levar a lugar nenhum, foi do ponto de vista dos pedestres - como comparação à foto que eu pus de bogotá, que é uma via para pedestres irem a pé pralgum lugar.
mas concordo com você que nós assim são essenciais e têm que ser melhorados e difundidos.
abraços, boa semana pra vocês.
Um dado novo, de um estudo da Universidade de Cornell, intitulado Angst and the rail commuter: longer the trip, greater the stress, study finds, é um indício que, talvez, as próprias megalópoles não sejam viáveis.
Uma alternativa bem mais radical, mais difícil ainda para implantar, mas com um provável retorno melhor, seria uma descentralização dos centros industriais e de prestação de serviços (afinal, estamos na era da comunicação em "tempo real", não é?...). Cidades menores (na faixa de 300.000 a, no máximo, 1 milhão de habitantes) interligadas por uma eficiente malha de transportes e comunicações.
acho que você tem razão. e digo isso com o coração pesado - eu, uma paulistana ilhada numa cidade de 150 mil habitantes onde há um restaurante que eu gosto e fazem umas 3 semanas que não tem nada que dê pra ver no cinema...
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